Web currículo?

Uma nomenclatura nova que traz, também, um novo significado ao currículo que compreendemos. Estamos à falar de novas formas de construir conhecimento por intermédio da produção de narrativas com o uso das TDIC e das mídias digitais.

#webcurriculo #RDE #education #recursoseducacionaisdigitais

Fonte: http://inoveduc.com.br

Currículo pode ser compreendido como trilhas ou caminhos pelos quais se atinge uma finalidade/objetivo, no senso comum. Moreira e Silva (1994) ampliam a definição ao implicar relações de poder, visões sociais, identidade individuais e sociais. Organizar o currículo é também conferir-lhe características de ordem, racionalidade e eficiência. Nesse contexto, a escola pode promover, por meio do currículo, ascensão social ou um ambiente tradicional, opressivo, castrador, violento e irrelevante (MOREIRA e SILVA, 1994). Por vezes subscrito, o currículo vai além da ideia de "cronograma", "temáticas", "assuntos", está relacionado as intencionalidades que temos com a formação dos sujeitos.

E quando se integra tecnologias ao currículo, o termo adquire novo significado de mesma significância. No entendimento de Almeida e Valente (2012), essa ressignificação é justificada pelo processo de imbricar currículo, atividades pedagógicas e TDIC na condução da aprendizagem, o chamado web currículo.

Por exemplo, na hipótese do professor de língua portuguesa conduzir a construção de uma narrativa utilizando recursos tecnológicos como gravar um vídeo, um áudio (podcast), editar e compartilhar (disseminar) a produção socializando as descobertas está, indiretamente, conduzindo um caso de web currículo, possibilitando novas aprendizagens em contexto curricular.

De outro lado, o uso indiscriminado das TDIC em contexto curricular pode gerar dispersão na produção e apropriação de conhecimento. Por isso, como propõe Almeida e Valente (2012), é necessário que o desenvolvimento das atividades curriculares respondam algumas questões:

• Auxilia na compreensão do conhecimento científico;

• Estimula à construção dos conhecimentos relativos aos conteúdos curriculares;

• Analisei e depurei o conteúdo a ser explorado;

• Estou avaliando apenas o produzir ou ser capaz de usar os recursos tecnológicos;

Não é pelo fato de se utilizar TDIC que a abordagem pedagógica será potencializada, coerente com os instrumentos culturais desta sociedade. Os instrumentos culturais, métodos, procedimentos, experiências, tecnologias, devem propiciar o desenvolvimento epistêmico, estimular questionamentos, fazer avançar na produção com apropriação teórica (ALMEIDA e VALENTE, 2012).

É estranho pensar TDIC na prática pedagógica pela via decorativa, do "uso pelo uso". Projetar com recurso multimídia a mesma aula que daria no quadro não condiz com web currículo. Nessa perspectiva, estamos apenas reproduzindo com meios mais sofisticados.

Fonte: https://media.giphy.com

Antes o que era estático, monocromático, projetado por uma transparência, hoje ganha estímulos sensoriais, visuais e sonoros com eBooks, plataformas digitais de ensino adaptativo, portais com objetos educacionais digitais, videoaulas, etc. Avanços proporcionados pela rede que, quando não são legitimados pela escola, estão presentes na vida dos alunos e professores pelo chamado "uso paralelo". Ficar à margem disto é uma escolha em meio a conflitos e novos desafios, sobretudo, quando se dicotomiza a questão em um mundo conectado e digital.

É preciso olhar ao nosso redor com os olhos do outro e, dessa forma, convergir, sustentar novas práticas, novas ideias, novos paradigmas, em um movimento holístico sem perder de vista nossa identidade.

É isso.

REFERÊNCIAS:

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini; VALENTE, José Armando. Integração currículo e tecnologias e a produção de narrativas digitais. Currículo sem Fronteiras, v. 12, n. 3, p. 57-82, set/dez 2012.

MOREIRA, Antonio Flávio; SILVA, Tomaz Tadeu da (orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1994.